Essa historinha verídica estava perdida lá no gerundino...acho que vai continuar perdida aqui.


Mais um dia de curso, vou para a Avenida Brasil esperar o ônibus no ponto da Escola Bahia, estou conversando com meu amigo Rubinho Barrikelo, o ponto relativamente cheio, normal para o horário, escuto dois tirambaço bem próximo dos meus ouvidos, olho para trás e vejo o vulto de um sujeito passando a mac3, entrou no meio da pista e atravessou a Brasil como se fosse um rato fugindo da vassourada, em um quarto de segundo todas as pessoas que estavam no ponto sumiram como se tivessem sido abduzidas, passa na minha frente um homem negro baixinho de cabelo grisalho, de chinelo bermuda de nylon e jaqueta, com duas pistolas 380, uma em cada mão óbvio, ficou observando o cara que correu chegar do outro lado, nós estávamos perto do muro e nesse momento era como adesivo no chapisco, o que é a força centrífuga do medo, metade do globo ocular estava involuntariamente saltando para fora das pálpebras , o meu coração batia no pescoço como se fosse a bateria do salgueiro, só não fiz nas calças porque não tinha merda pronta, as pessoas sumiram não sei como, momento de tensão absurda, aquele homenzinho passando como se fosse o xerife da lei e da ordem sumiu no meio das bancas dos camelôs, as pessoas foram saindo aos poucos da rua lateral a escola, consegui me soltar do muro, entramos no primeiro ônibus que parou, quando eu digo entramos estou falando de todas as pessoas que estavam no ponto, tinha neguinho dando cotovelada em idoso, pisando em criança, pulando a roleta, o motorista é claro não entendeu nada.

Desenho para um casal de amigos